E é por tudo o que Deus tem feito em minha vida que confesso com alegria: sim... Eu sou a Universal!”
"Sinto prazer na vida e ninguém consegue tirar de mim a certeza da vitória."
A vida de Michely Batista, 20 anos, poderia ser como de muitas outras meninas por aí que acabaram deixando de acreditar na concretização dos sonhos. Ela é de origem simples e poderia aceitar seu destino que apontava como direção uma existência em meio às dificuldades sociais e econômicas que ocasionam a uma falta de perspectiva. Entretanto ela resistiu insistindo na ideia de que cada pessoa tem o poder de escrever sua própria história. Michely estava certa e escreveu uma história de campeã.
Quem luta não briga
O esporte entrou em sua vida há 11 anos. Ela tinha problema de relacionamentos e vivia sempre brigando, na rua – e em casa com o irmão. Assim, o pai Francisco, teve uma brilhante ideia: “se ela gosta de brigar, é isso o que vai fazer”. Assim, a menina brigona e temperamental tornou-se judoca. Pelos anos de treino e entrega ao esporte conquistou a faixa marrom: categoria meio leve – que contempla nível e idade do praticante (a faixa marrom representa à constância, disciplina, a uniformidade adquirida e a observação das regras mantidas). Foi assim que a necessidade de brigar deu lugar a uma paixão que só cresce a cada dia.
Judô feminino
Essa modalidade esportiva teve inicio no Brasil em 1920, mas não existe uma história oficial e precisa de como o judô chegou em nosso país. As informações dão conta que imigrantes japoneses, recém-chegados em Porto Alegre, na primeira década do século XX, já inauguravam suas academias de judô, que em pouco tempo estavam espalhadas pelo Brasil.
Porém, foi em 1980 que mulheres judocas deram inicio aos torneios nacionais e internacionais. Foi depois do Sul-Americano de judô de 1979 que quatro atletas femininas participaram da competição.
Campeã de briga
A mineira de Uberlândia, cidade localizada no Triângulo Mineiro, que fica há 556 km de Belo Horizonte, já conquistou vários títulos, provando realmente ser boa de briga.
Ela é campeã Mineira (o campeonato Mineiro é uma classificatória para o Brasileiro). Campeã brasileira (que classifica para o Pan-americano), campeã Mundial (de Uberlândia), e vice-campeã do Pan-americano. Na votação da Liga Mineira de Judô, Michely foi considerada a melhor da categoria no ano de 2012 – em uma disputa entre quatro meninas, cada uma representando uma cidade – todas da mesma categoria. No estado de Minas Gerais o nome de Michely Batista aparece como o principal na categoria que ela defende.
As muitas medalhas e troféus conquistados representam para ela muito mais do que vitórias em competições, mas a superação diante de tantos obstáculos e dificuldades. Não foram poucas as vezes que ela precisou pedir ajuda para conseguir viajar para competir, por falta de patrocínio. Mas cada tentava valeu a pena, pois hoje ela acumula vitórias.
Vida no tatame
Michely explica que praticar esporte no Brasil é bem difícil, pois não há muito incentivo. “Existem muitos atletas de ouro por aí, mas para eles trazerem as medalhas douradas é necessário que alguém acredite neles, que invista em seus talentos, que sejam patrocinados. Enquanto nosso país não se despertar para isso, infelizmente não conseguiremos avançar. Os atletas têm garra, são verdadeiros patriotas, mas precisam de apoio para dar orgulho a essa nação que tanto torce e vibra ao ver o Brasil sendo representado por nós. Quando estou competindo, sou só um coração com cada brasileiro. Não vejo o tamanho da adversidade. Vou para cima, com sede de vencer. Afinal, o Brasil merece isso de mim. Jamais vou abrir mão do meu sonho que é chegar às olimpíadas e honrar a nossa Bandeira, honrar o país e o estado de Minas”.
A importância da fé
Quando entrou para o esporte Michely só alcançava resultados médios: 2º ou 3º lugar. Em seu coração havia a vontade de crescer e fazer seu nome conhecido, mas algo foi imprescindível para que a judoca aprendesse a acreditar em si mesma: aprender o valor do exercício da fé. Assim como milhões de pessoas em todo o mundo, ela passou por situações de improváveis vitórias, antes e depois do esporte. Entretanto, por recorrer a Deus, conseguiu atingir o impossível. Mesmo muito jovem Michely não tinha amor à vida, não conseguia se relacionar com a família, era rebelde e chegou a desejar a morte. Dentro dela havia um vazio inexplicável.
Quando chegou a Universal entendeu que havia algo errado em sua vida e que aquilo poderia ser vencido – se lutasse. Naquele lugar onde foi recebida com carinho e atenção, encontrou um tratamento específico para os jovens, e assim recebeu forças para lutar por sua felicidade e hoje se considera exemplo, dentro e fora de casa.
Ela reconhece que tem garra para lutar e que está em uma ótima fase da carreira com muitas conquistas pela frente. Porém, garante que as muitas vitórias no esporte e na vida – os melhores resultados – só foram e serão possíveis estando em completa dependência de Deus.
E finaliza: “sou uma mineira que deseja conquistar o mundo, mas meu maior prêmio é o carinho que recebo das pessoas. Gosto de coisas simples e principalmente da companhia da minha família. Sou reconhecida na cidade onde moro e sou presença garantida em veículos de comunicação para falar da carreira e do esporte. Sinto prazer na vida e ninguém consegue tirar de mim a certeza da vitória. E é por tudo o que Deus tem feito em minha vida que confesso com alegria: sim… Eu sou a Universal!”
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